O ser-humano possui infinitos defeitos. Um deles é querer se colocar no centro de tudo. Tudo que há na Terra é para o homem. O homem manda em tudo! E, na realidade, sabemos, no fundo, que não é bem assim...
De certo modo, concordo que o homem deve importar-se com seus semelhantes e valorizar toda essa cultura que nosso povo contruiu, e continua construindo, ao longo de séculos. De certo modo concordo com esse tipo de antropocentrismo. Mas se repararmos bem, exageraram um pouco no termo. Certo dia estávamos uns amigos da faculdade e eu conversando sobre diversas coisas interessantes. Chegamos no assunto "religiões", o que é quase inevitável ao se conversar cobre coisas aleatórias. Um deles falou, não sei se esse pensamento era dele ou não, mas achei interessante e o estou aproveitando aqui para promovermos discursões e pensamentos úteis: "O homem tirou os deuses do centro e pôs o próprio homem". Isso significa que tiramos algo empiricamente imaginário do poder e pusemos "gente" nesse lugar de prestígio. Enquanto os deuses estavam no poder, todos temiam a algo teoricamente maior, não a algo igualmente imperfeito como o homem.
Costumo dizer que um jumento nos pode julgar, mas outro ser-humano não o pode. Logo alguns dizem: "Mas não se pode julgar sem se conhecer, e um jumento não conhece o ser humano". Então retruco: "Qualquer um pode julgar o ser-humano, menos o ser humano, pois, na essência, somos todos iguais. Se um mata, podemos matar também. Se um rouba, podemos roubar também. Tudo depende das contingências". Acho hipocrisia demais para uma só espécie julgar seus semelhantes. Quando se julga, julga-se a si mesmo. Qualquer atitude humana, qualquer mesmo, boas, ruins, está ao alcance de qualquer um de nós, logo, dependendo da situação, podemos praticá-la ou não. Diz que é pecado matar. Mas algum dia podemos precisar fazer isso. Agora os motivos não importam. Se foi por legítima defesa ou por causas fúteis: é morte, o sangue é vermelho do mesmo jeito. Isso porque entram, nesse momento, as morais de cada um e a ética que nos é imposta, o que é diferente ao redor do mundo, logo não podemos analisar.
Nossa espécie passou vários anos negando sua animalidade, mas houve um dia em que os humanos foram classificados como primatas, não muito distante dos nossos "primos" macacos, orangotangos e gorilas. Particularmente, desculpem-me o que direi, mas é isso o que acontece: ultimamente não consigo olhar para as pessoas e não ver primatas. Não consigo não comparar com macacos! Orangotangos! Gorilas! Alguns são mais parecidos com outros primatas, mas todos primatas! Que não têm o direito de se pôr no centro de nada!
A negação de que somos "Iguais" a todos os outros animais, que vivemos no mesmo planeta, portanto temos direito às mesmas coisas que os outros animais têm, e eles deveriam ter direito às coisas que temos, já que tudo foi tirado do mesmo lugar, essa negação é o que nos diferencia dos outros bixos. Certo, somos diferentes de todos os outros animais. Mas elefantes também são diferentes de todos os outros animais. Cães são diferentes de todos os outros animais. Ratos são diferentes de todos os outros animais! Então, como fica?
Naquele mesmo dia da conversa com meus amigos da faculdade, um falou: "As pessoas são uma praga", no sentido de que pessoas não prestam, que são irritantes e odiáveis. Sim, elas são assim. Mas pesnsei um pouco além, apesar de um além que qualquer um poderia ter chegado, se quisesse: devemos ser pragas, sim! E no sentido o qual os pecuaristas dão para gafanhotos e para moscas d'África. Vejamos a definição de praga no Dicionário Aurélio: "[Lat. plaga.] sf. 1. Imprecação de males contra alguém ou algo; maldição. 2. Grande desgraça; calamidade. 3. Fig. Pessoa ou coisa importuna, desagradável. 4. Nome comum a insetos e/ou doenças por eles provocadas, que atacam plantas e animais". Achou parecida com alguém a definição? Pois é. Imprecamos males contra todos os outros habitantes da Terra, inclusive contra nós mesmos. Fazemos desgraças e calamidades o tempo todo. Somos importunos e desagradáveis, ora, chegamos depois que todos os outros já haviam chegado aqui, por que somos tão merecidos e acomodados? Não somos insetos, mas lembre-se que o Aurélio foi escrito por um humano, mas isso não apaga que provocamos doenças e atacamos plantas e animais.
Gráfico meramente ilustrativo. |
É óbvio que podemos ser a grande praga que faz nosso planeta tanto sofrer! Só não queremos admitir isso porque, enfim, nós cunhamos o termo "praga" para designar outros animais. Veja: uma espécie que passou toda sua existência com uma população praticamente "estável" até o século XVII e, de repente, cresce assustadoramente, ultrapassando os 7 bilhões de indivíduos. E isso tudo em menos de 350 anos! E se levarmos em consideração o potencial reprodutivo de nossa espécie em condições naturais, o que aconteceu foi uma aberração induzida pelas aberrações! Nunca deveríamos ter chegado a esse número! E provavelmente, não serão com ações "Humanitárias" que sairemos dele...
Não sejamos tão cheios de si, humanos. Somos apenas mais um bando de animais vagando por este planeta, sem saber pr'onde vamos, em um tempo muito curto de vida. Curto, porém com alto potencial destrutivo. Podemos emanar desgraças que duram milhões de anos. Aliás, é sempre isso que o homem quer fazer: deixar sua marca. Só que ele não percebe que pode não haver mais ninguém para admirá-la no futuro.
Sem cometários!! Curti tudo, todo. :)
ResponderExcluirMuito bom, como sempre. beijo