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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Máxima Nº 1

Por quê tanto pensar, se acabamos fazendo tudo errado no final?

Vale a pena morrer?

     Às vezes acho que quem nos deu a capacidade de pensar ou gostava muito da gente ou nos odiava muito: somos os únicos que pensamos para nos satisfazermos. Usamos nossa inteligência para resolver variados problemas, criar outros mais e depois pensar se tudo aquilo valeu a pena. Em compensação, somos os únicos que sabemos que morreremos um dia, e que tudo que a gente construiu durante uma vida será perdido repentinamente. Família, amigos, riqueza, alegria... tudo será destruído em um piscar de olhos. Olhos esses que nunca mais enxergaram a luz da manhã, as cores do crepúsculo e o sedutor anoitecer, um dia.
     Às vezes me pergunto se tudo isso é, realmente, justo.
     Às vezes eu mesmo me respondo. E penso que talvez seja.
     Talvez seja justo, pois nós é que construímos nossas vidas. Se nosso "destino" fosse predestinado, nada seria mais injusto que viver. Somos donos de nós mesmos. Donos de nossas felicidades. Donos de nossas agonias. Donos de nossas vidas, enfim.
     Por isso edifiquemos cada momento nosso da melhor forma possível, para que no instante final não fiquemos com a sensação de que ficou faltando algo. De que esquecemos de alguma coisa. Edifiquemo-los da nossa maneira e do modo que nos convir, para que no final não sintamos saudades até daquilo que nunca foi.
     É justo que pensemos na morte quando se tem uma vida inteira para construir e para aproveitar.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A Fé e suas Possibilidades

"Alegoria da Fé", de Carmona. O véu simboliza a impossibilidade de conhecer directamente as evidências.
     O "tempo" passa, o mundo gira e ficamos velhos. Gente morre a todo instante, gente nasce a todo instante e não temos poder algum sobre tudo isso?

     Os avanços das parafernalhas tecnológicas possibilitam aos humanos uma série de façanhas as quais eram "impossíveis" há uns 50 anos. Porém, ainda existem algumas coisas que nossa vil espécie não consegue controlar. Uma delas é o Tempo.

     Usando-se de uma ideia lamarckista, mas "atualizada", pode-se dizer que os seres tendem a evoluir de acordo com suas necessidades. Alguém procura melhorar em algo se não há necessidade? Ora, o ser humano está em constante evolução psíquica, portanto é sujeiro a mudanças, como na parte da cultura, que envolve as crenças nas verdades "incontestáveis" e em outras não tão incontestáveis assim.

     Em setembro de 2011, um grupo de cientistas enviaram um feixe de neutrinos de uma laboratório na Suíça para um outro na Itália. Diz-se que essa distância seria percorrida por um feixe de luz com sua velocidade c, enquanto os neutrinos o conseguiram fazer mais rapidamente, chegando 60 nanossegundos a frente da luz. Algo contestável, mas que põe em xeque toda a física como a conhecemos, apesar de ser um evento "cíclico".

     "Cíclico", sim! Pois, constantemente, vê-se teorias derrubadas, ou reforçadas! Essa teoria dos neutrinos pode derrubar a Relatividade, assim como essa derrubou a teoria de Newton. Newton dezia que a velocidade é relativa, enquanto o tempo e o espaço são absolutos. Einstein diazia que a velociade é absoluta, enquanto o tempo e o espaço são relativos. Já a possibilidade de uma teoria "neutriniana" sugere velocidade, tempo e espaço relativos. Quem sabe o que é certo, atire a primeira pedra!

     O certo é que, de acordo com a própria Relatividade, se algo conseguisse ultrapassar a velocidade da luz, a viagem no tempo poderia deixar de ser um sonho e se tornar realidade. Certo. Muitos "sonhos" se tornaram realidade nos últimos dois séculos. Mas não haveria um limite para sonhar? Não haveria um limite para distinguir a ficção daquilo que é realmente provável?

     Às vezes tornam-se até ridículos os modos dos céticos. Ridículos e hipócritas. Como questionar a criação do mundo por deuses, se se acredita em uma possibilidade de viagem no tempo? Viajar no tempo é tão "impossível", "utópico" e "improvável" quanto a criação do mundo por Deus em sete dias. Tudo é questão de crença, de FÉ! E a palavra "fé" não está ligada unicamente ligada à religião. Fé vem do latim,  fides, que significa "fidelidade". Fé é a firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão. Portanto acredita-se na criação pelo Big-bang por mera fé, assim como se acredita na criação por seres transcendentais.

     Pode-se afirmar, reafirmar e jurar que algo é vedade, mas se for crença de fé, perde credibilidade em algum ponto, pois sempre aparecerá alguém para desmentir e duvidar. Por isso métodos científicos são tão bem aceitos na sociedade contemporânea. Eles oferecem o palpável. A fé não. Mesmo assim, ela não falhou. Ela só deixou de penetrar campos que não lhe são "férteis". Se há possibilidade de demonstração, a fé pode acabar ali. Se não, ela é a principal atuante. Simples assim. Agora a hipocrisia de alguns cientistas que se dizem "não movidos pela fé" é monstruosa. Big-bang é pura fé! A origem da vida é pura fé! A nossa existência é pura fé! Deuses são puramente FÉ!

     E, na verdade, nunca saber-se-á a "verdade absoluta". Ao invés de se discutir a relatividade da velocidade, do tempo, e do espaço, por que não discutir a relatividade das verdades? Ou até destruir as ditas "verdades absolutas"?

     Verdades podem ser sonhos, pretensões... Aliás, tudo que vem do homem é bem pretendido por ele. Tudo serve para promover ou rebaixar algo. Tudo existiu, existe e existirá para revolucionar sua contemporaneidade, dentro de suas possibilidades, derrubando ou construindo velhos ou novos saberes.

     Tenham as suas crenças. Acreditem no que lhes for conveniente. Enganem-se, se preciso for. Se você mal consegue se convencer, provavelmente não convencerá as pessoas ao seu redor. Convencer-se de algo é difícil, por isso que crenças são quase que irrefutáveis. O certo é que não se deve deixar de acreditar em algo por um simples dizer alheio. Você sabe o quanto suas crenças lhe fazem, bem ou mal. Basta regulá-las, de acordo com a situação e momento.

domingo, 20 de novembro de 2011

O Poema Rejeitado

Varão diz:
-Perdido, nas profundezas deste espelho
Vejo a vida passar como um filme antigo,
Embaçado por um líquido vermelho
E a ser estrelado por um velho amigo.

-Invoco, então, as almas de entes perdidos,
Que o mau presente não me deixa ver mais.
E o passado de sentimentos feridos
Dá-me, agora, bela imagem de meus pais.

-Preso na efemeridade do terreno
Sinto a vida como um enorme presídio.
D’onde alguns fogem pelo vinho-veneno
Sem temer a vontade d’um suicídio.

-Oh, Efêmeras Lagartas Corajosas,
Que se enclausuram para poder viver,
Qual o porquê de se ter asas tão mimosas
Já que o Senhor Tempo trata de as comer?

-Vamos, amigo Espelho! Mostre-me mais!
Mostre-me o que mais de mim ficou pra trás!

-Mostre-me, agora, os meus sonhos de criança,
Para eu poder sair deste espelho em paz.
Mostre-me o quanto da vida é esperança
E quanta falta não tê-la em mim me faz!"

Trovador diz:
E pela noite, ao sair p'ra boemia,
Leva consigo su'alma burocrata.
Espalhando confusão e epidemias,
Ilustrado ao belo som de uma sonata.

Uma sonata tocada bem feliz.
Tão feliz que a Terra inteira, toda, brilha!
Uma sonata que com escalas diz:
"Uma galante canção para a Matilha!".

E já ao deixar o espelho de fundo eterno
E ter visto a vida como um filme antigo,
Vai deitar-se feliz, com prazer interno,
O vil varão por ter visto o velho amigo...

sábado, 15 de outubro de 2011

Mais um Triste Fim

Estava tão perto, mas não alcancei.
Estagnado a olhar, em nada mais pensei.

Vi-la fugir para um lugar onde ninguém chegou.
Vi-la desaparecer como uma chama que apagou,

Mas não posso dizer que não tentei,
Pois a desistência como saída neguei!

Posso até dizer que sou um vencedor,
Mas por não a ter conquistado sinto, ainda, enorme dor!

Vim, vi, sofri! Assim como qualquer um que vê a chance desaparecer.
Entrei, saí, nem sorri! Pois aquela chama já estava a morrer.

Andando na rua da discórdia, vi o chão subir e o céu cair.
Vi, ainda, meu Deus, o mundo todo a se dividir!

Percebi o pânico dos que ao céu queriam descer
E a soberba dos que já estavam lá a viver.
 
Ouvi a canção das harpas dos querubins,
O que aumentou meu desejo de descer.
Ainda vi os verdes e floridos jardins,
Onde havia gente a plantar e a colher.

Cheguei à beira do precipício,
O qual entre céu e terra era muralha.
Viver ali seria um novo início,
Como o de um morto fora da mortalha.

Decidi-me! Pulei! E comigo alguns outros mais!
Finalmente, viverei! E votar à terra, nunca mais!

Eis que derrepente, não mais que repentinamente,
Tudo volta a seu lugar.
O Céu toma o lugar da Terra
E a Terra o lugar do Ar.

E mais repentinamente, vejo-me em queda livre, em direção ao chão!
Olho p'ra cima, olho p'ra baixo... vejo que não há quem segure minha mão!

Começo uma contagem regressiva
Que desminta o tal senso comum.
Chego ao chão sem sonhos ou conquistas,
E, infelizmente, sou apenas mais um.

Estranho por Natureza

     O ser-humano é um bixo tão estranho, egoísta e complexo que é o único no reino animal que precisa de um veterinário a parte.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Ilusão. Codinome: Futuro

     É muito relativo tratar da vida. Tem gente que acha que a vida é eterna. Tem gente que acha que ao fim dos seus dias a vida parará por alí e pronto. Tem gente que se prende ao passado. Tem gente que só se preocupa com o presente. Há ainda aqueles que vivem pensando no futuro. Mas, por que ficar pensando em algo que ainda não existe? O FUTURO... se é que ele existe.
     O futuro é apenas o "Mundo dos Desejos Humanos", que existe apenas nas nossas mentes e vontades. E é verdade! O futuro ainda não existe! Você o planeja, você o quer, mas nem certeza você tem se ele virá! Claro que não devemos parar de almejá-lo, até por que devemos buscar a evolução (apesar de evolução significar qualquer mudança, retrógrada ou innovadora), mas não devemos nos prender somente aos sonhos do futuro. Devemos, principalmente, nos preocuparmos com o presente, que é o que está ocorrendo e não temos  amínima dúvida, o que é totalmente diferente do futuro: a eterna dúvida.
     Quando ele chega, relativamente, nós nem o percebemos e acabamos tomando-lhe como presente e, às vezes, deixamos aqueles sonhos pra trás. Acho que as pessoas devem levar a vida mais calmamente, sem se preocuparem com o amanhã, mas, óbvio, sem excessos, por que a cada minuto que passa você está em um futuro relativo a algum momento do passado, logo, para ter chegado nesse futuro relativo você manteve um padrão. Esse padrão ocorre naturalmente. Não precisamos nos preocupar com ele, pois as leis físicas garantem que tudo o que existe tende a entrar em equilíbrio, em algum momento na linha do tempo, que, aliás, é uma forma figurada de relacionar o presente em algum lugar em detrimento do passado e do futuro (ambos inexistentes, pois um já morreu e não há como voltar atrás e o outro ainda não existe, senão no nosso ideário).
     Eu realmente acredito que uma borboleta, ao bater suas asas em determinada parte do mundo, pode influenciar catástrofes no outro lado do globo. É o normal. Tudo está interligado neste mundo, se não, eu, você, seu cachorro, uma planta ou uma bactéria não teríamos praticamente a mesma estrutura elementar (C, H, O, N, P, S...). Etamos interligados, mas cada um dentro de seu tempo.
     Paremos com essa estorinha de querer voltar ao passado pra tentar consertar algo! Não dá mais! Contentemo-nos! Paremos com essa estorinha de planejar exarcebadamente o futuro! Ele ainda não é! Deve ser tratado como algo possível, não certo, mesmo que ao nosso completo alcance! Como nem tudo depende da gente, pois estamos interligados, o nosso provável futuro vai depender de uma série de fatores e organismos que brincam com a gente. Alguns podem chamar essa série de fatores e organismos de DESTINO. Outros podem querer chamá-la de ORDEM NORMAL DAS COISAS. Outros podem chamá-la DEUS. Eu prefiro chamá-la ACASO. O acaso é quem rege o universo. Não acho que Deus pregaria peças tão malditas e destrutivas na humanidade. Acho que ele não vê graça em ter um livro com tudo escrito, caracterizando a idéia de destino. Acho que ele não tem um roteiro trágico preparado para nós, o que caracterizaria a ordem normal das coisas. Acho muito menos que ele tem a idéia de ser o Deus Todo Poderoso, egocêntrico, egoísta e mal criado pela humanidade, o que caracteriza o Deus feito à imagem e semelhança do homem em tudo. TUDO!
      O acaso responde a tudo e a todos simplesmente. Uns respondem tudo à base da Bíblia (que foi escrita por homens como nós, com nossos mesmos sentimentos e revoltas, portanto sujeita a manipulações e má interpretações, como ocorre muito hoje. Para outros, o método científico pode dar todas as respostas. Para mim, o acaso não me dá resposta alguma. E não me sinto horrível por isso. Sinto-me inútil, que é o que somos realmente. A cada dia que passa essa minha certeza só aumenta. Vejo gente morrendo de fome, vejo guerras por causa de ideologias religiosas, vejo frieza na manipulação de mercadorias ao modo capitalista, fazendo coisas valerem mais que pessoas, caracterizando o grundrisse... enfim, se o acaso não pode ser a resposta pra tudo (e não a é), nós somos as nossas próprias respostas até certos pontos, que sabemos quais são, por que acredito que não somos completamente idiotas ao ponto de não sabermos os nossos limites. Somos as respostas para as perguntas mais macabras desse mundo! Somos as respostas para as ocasiões mais fúteis existentes! Enfim, podemos ser nossos próprios deus até! Somos criadores de vários mundos paralelos uns aos outros! Podemos nos comandar sem precisar recorrer a entidades transcendentais! Somos de carne e osso! Podemos resolver o problema da fome no mundo! Podemos resolver as guerras! Os seres transcendentais não... até que me provem o contrário, acabando com as carnificinas mundo afora.
     O passado o presente e o futuro são mundos paralelos criados por seus próprios deuses. Normalmente pertencemos a só um deles, se não seremos vítimas de uma crise existencial profunda que, não dificilmente, levaria à autodestruição, pois a verdade dói, e, apesar de o passado não existir mais, ele está registrado, e guarda várias verdades que podem ser descobertas ou lembradas pela humanidade, assim como guarda pra si capítulos importantíssimos que nunca teremos acesso. Vivamos o presente. E somente ele. Viva por si. Acreditando no seu potencial de se ajudar e de ajudar os outros. Prefiro não acreditar em salvação eterna (é um negócio bem difícil de me entrar na cabeça). Prefiro acreditar que podemos dar o melhor de nós em vida para que o acaso tenda a nosso favor e para que tudo que existe entre em equilíbrio. Constantemente...

quinta-feira, 31 de março de 2011

Todos somos iguais, naturalmente!

     Existem três momentos durante a vida nos quais nós, humanos, somos indiscutivelmente iguais: ao nascer, ao morrer e ao defecar.

domingo, 20 de março de 2011

Cansado? Jogue a moeda e espere o resultado.

     João acordara às cinco, como de costume. Tomara seu banho frio, como sempre o faz. Pôs a água para esquentar, visando tomar o seu café diário. Vestiu-se. Tomou o café, já pronto, e , antes de ir, deu uma olhada para o retrato de sua filha, emoldurado na parede. Fez o sinal da cruz, abriu a porta, pôs o pé direito na calçada e foi.
     Ao chegar à parada do ônibus, viu as mesmas pessoas de sempre: os mesmos "bons dias" mecânicos, as mesmas reclamações e as mesmas caras de indiferença. A chegada repentina do ônibus salva João, mais uma vez, da insalubre tarefa de ouvir problemas menores que os dele e ter que escutá-los calado. Dentro do ônibus, João paga a passagem e recebe o troco. Uma moeda de dez centavos. Ele joga a moeda para cima, e, quando esta cai na sua mão, vê o semblante de D. Pedro I, o nosso falso "Herói da Independência".
     João chega à empresa de cartões comemorativos onde trabalha. Senta e começa a escrever suas frases. Escrevia estes cartões para ganhar a vida, por comissão. Naquele dia, João esforçara-se bastante para escrever algumas frases que lhe renderiam as compras da semana. Após ver um noticiário na televisão, que falava sobre crianças desaparecidas, João teve uma ideia: "Parabéns! Feliz aniversário! Que tua vida seja completamente diferente da minha! Não adianta te desejar saúde, se é você que cuida dela. Não adiante te desejar dinheiro, se você não é dono dele. Resta-me desejar-te uma vida repleta de amor e empatia, rodeada pela tua família e que não conheças tão cedo um vazio deixado por um ser amado... Felicidades!"
     Na vistoria, ao fim do expediente, João foi demitido. O que não seria tão ruim para ele. Agora não precisava mais escrever tanta hipocrisia para pessoas que ele sequer conhecia. João voltou para casa.
     No dia seguinte, João acordara às cinco, como de costume. Tomou seu banho, bebeu seu café e começou a escrever. Jogou a tal moedinha novamente. Apareceu-lhe, outra vez, o semblante do imperador. Escreveu toda a verdade a ser dita. Então, João sentiu como se um pedaço seu tivesse sido encaixado novamente. E sua vida nunca mais foi a mesma.

[De vez em quando sentimos a necessidade de mudar. E, às vezes, precisamos deixar o acaso decidir por nós. Mas devemos saber que pode ou não dar certo. Decepções existem para nos tornarmos fortes, não para nos arruinar. Se você aguentar as brincadeirinhas pesadas do acaso, você está rponto para se libertar.]

sexta-feira, 11 de março de 2011

14º Dalai Lama: um verdadeiro Líder

     Só mais uma para se refletir o que é ser um líder de verdade.
     No dia 10 de março de 2011,  Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibete, que é um território chinês em exílio que, há anos, vem lutando por mais autonomia, decidiu renunciar a administração do "Teto do Mundo". Isso aconteceu por que o Partido Comunista Chinês, que tem como líder o presidente Hu Jintao, decidiu interferir na "escolha" do sucessor de Tenzin Gyatso, o Dalai Lama, que, teoricamente, só pode ser a reeincarnação de Gedun Truppa, o 1º Dalai Lama, de acordo com as tradições budistas tibetanas. O Dalai Lama é considerado uma reencarnação de uma linhagem de tulkus, que, segundo a tradição budista, são seres iluminados que alcançaram a salvação, mas optaram por voltar à terra para melhor esclarecerem a humanidade. Assim, Tenzin Gyatso é o 14º corpo do 1º Dalai Lama, Gedun Truppa, que viveu entre os séculos XIV e XV.
      Com esta "jogada política", é visível que o governo chinês visa a dominação completa do Tibete, querendo impor os seus homens de confiança no governo tibetano, maquiando horrendamente um acordo entre estado e exílio. Então, como um verdadeiro líder, aparece a figura de Gyawa Rinpoche Dalai Lama (Grande Protetor), que renuncia o "poder" de uma nação para seu próprio bem. Dificilmente se vê uma atitude tão digna como a de Dalai Lama. Outros líderes prefeririam ficar no poder até o fim, mesmo que isso implicasse a morte de milhares de pessoas inocentes, pois na cabeça de alguns, um simples nome lhes aumenta o potencial de arrogância e egoísmo, como o que está acontecendo na Líbia, com Kadhafi. Um verdadeiro líder sabe a hora certa de fazer o que tem de fazer. Se o Dalai Lama não renunciasse o poder imediatamente, o Partido Comunista imporia, à sua vontade, quem eles achassem conveniente, mesmo que isso fosse totalmente contra a tradição budista, e que o próximo Lama nunca tivesse tido qualquer ligação com a luta libertária do Tibete ou uma ligação religiosa com o povo tibetano. Com o ato de Tenzin, pode até ficar mais apalpável a possibilidade de um tibetano assumir o poder político da região, não dando chance para a jogada chinesa.
     Um verdadeiro líder tem de ser hábil. Tem que perceber a jogada do opositor antes que ele atue. Um verdadeiro líder tem que ter o apoio do povo, se não ele não conseguirá agir em prol dos seus. Um verdadeiro líder tem que lutar sem derramar uma gota de sangue, pois essa qualquer quantidade de sangue em uma guerra implica sangue inocente derramado, do seu povo e do povo opositor.
     Quem dera se a metade dos líderes que escolhemos tivesse 1/4 da sabedoria de um homem como Dalai Lama. O mundo seria um lugar melhor pra se viver, não?
     Fica aqui o recado para aqueles que se identificarem e para quem consegue identificar um líder de verdade.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Aprendendo a Viver

A vida; a ida; a morte amiga
A vinda; a míngua; a alma despida

Fora de um corpo que um dia foi meu
A vagar perdida n'um mundo de breu...

Salvo da luz mentirosa
De um mundo viril e vulgar.
Uma luz que reluz, venenosa,
A mente de quem não sabe sonhar.

E a sonhar fico eu,
Na escuridão da eternidade.
Fechado em um mundo só meu
P'ra saber o que vivi de verdade.

Inútil ao pé da letra,
Só esperei quase toda' vida passar.
Enganando-me em vida tropeira
Sem tempo p'ra'prender 'amar.

Menti o quanto pude
P'ra me'sconder n'uma face resistente.
A minha real fragilidade era mascarada
Por atos de um filho indigente,
Que não sabia ao certo
O porquê de tanta revolta.
Só sabia que não queria viver
Em um mundo tão hipócrita...

Então, toca! Oh, violão!
Aquela canção tão pedida!
Chora! Oh, violino!
Aquela canção de despedida!
Para que eu a possa ouvir
Pela então derradeira vez,
No meu leito podre e indescente
A doce canção de vocês...

Viva à grande passagem
Do desprezível ao espiritual!
Viva ao fim da blindagem
Que me prendia n'uma crise existencial!

Liberto daquele corpo que só existia p'ra me'sconder,
Vivo, agora, mesmo morto, a verdadeira arte de viver!