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segunda-feira, 7 de março de 2011

Aprendendo a Viver

A vida; a ida; a morte amiga
A vinda; a míngua; a alma despida

Fora de um corpo que um dia foi meu
A vagar perdida n'um mundo de breu...

Salvo da luz mentirosa
De um mundo viril e vulgar.
Uma luz que reluz, venenosa,
A mente de quem não sabe sonhar.

E a sonhar fico eu,
Na escuridão da eternidade.
Fechado em um mundo só meu
P'ra saber o que vivi de verdade.

Inútil ao pé da letra,
Só esperei quase toda' vida passar.
Enganando-me em vida tropeira
Sem tempo p'ra'prender 'amar.

Menti o quanto pude
P'ra me'sconder n'uma face resistente.
A minha real fragilidade era mascarada
Por atos de um filho indigente,
Que não sabia ao certo
O porquê de tanta revolta.
Só sabia que não queria viver
Em um mundo tão hipócrita...

Então, toca! Oh, violão!
Aquela canção tão pedida!
Chora! Oh, violino!
Aquela canção de despedida!
Para que eu a possa ouvir
Pela então derradeira vez,
No meu leito podre e indescente
A doce canção de vocês...

Viva à grande passagem
Do desprezível ao espiritual!
Viva ao fim da blindagem
Que me prendia n'uma crise existencial!

Liberto daquele corpo que só existia p'ra me'sconder,
Vivo, agora, mesmo morto, a verdadeira arte de viver!

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