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quinta-feira, 31 de março de 2011

Todos somos iguais, naturalmente!

     Existem três momentos durante a vida nos quais nós, humanos, somos indiscutivelmente iguais: ao nascer, ao morrer e ao defecar.

domingo, 20 de março de 2011

Cansado? Jogue a moeda e espere o resultado.

     João acordara às cinco, como de costume. Tomara seu banho frio, como sempre o faz. Pôs a água para esquentar, visando tomar o seu café diário. Vestiu-se. Tomou o café, já pronto, e , antes de ir, deu uma olhada para o retrato de sua filha, emoldurado na parede. Fez o sinal da cruz, abriu a porta, pôs o pé direito na calçada e foi.
     Ao chegar à parada do ônibus, viu as mesmas pessoas de sempre: os mesmos "bons dias" mecânicos, as mesmas reclamações e as mesmas caras de indiferença. A chegada repentina do ônibus salva João, mais uma vez, da insalubre tarefa de ouvir problemas menores que os dele e ter que escutá-los calado. Dentro do ônibus, João paga a passagem e recebe o troco. Uma moeda de dez centavos. Ele joga a moeda para cima, e, quando esta cai na sua mão, vê o semblante de D. Pedro I, o nosso falso "Herói da Independência".
     João chega à empresa de cartões comemorativos onde trabalha. Senta e começa a escrever suas frases. Escrevia estes cartões para ganhar a vida, por comissão. Naquele dia, João esforçara-se bastante para escrever algumas frases que lhe renderiam as compras da semana. Após ver um noticiário na televisão, que falava sobre crianças desaparecidas, João teve uma ideia: "Parabéns! Feliz aniversário! Que tua vida seja completamente diferente da minha! Não adianta te desejar saúde, se é você que cuida dela. Não adiante te desejar dinheiro, se você não é dono dele. Resta-me desejar-te uma vida repleta de amor e empatia, rodeada pela tua família e que não conheças tão cedo um vazio deixado por um ser amado... Felicidades!"
     Na vistoria, ao fim do expediente, João foi demitido. O que não seria tão ruim para ele. Agora não precisava mais escrever tanta hipocrisia para pessoas que ele sequer conhecia. João voltou para casa.
     No dia seguinte, João acordara às cinco, como de costume. Tomou seu banho, bebeu seu café e começou a escrever. Jogou a tal moedinha novamente. Apareceu-lhe, outra vez, o semblante do imperador. Escreveu toda a verdade a ser dita. Então, João sentiu como se um pedaço seu tivesse sido encaixado novamente. E sua vida nunca mais foi a mesma.

[De vez em quando sentimos a necessidade de mudar. E, às vezes, precisamos deixar o acaso decidir por nós. Mas devemos saber que pode ou não dar certo. Decepções existem para nos tornarmos fortes, não para nos arruinar. Se você aguentar as brincadeirinhas pesadas do acaso, você está rponto para se libertar.]

sexta-feira, 11 de março de 2011

14º Dalai Lama: um verdadeiro Líder

     Só mais uma para se refletir o que é ser um líder de verdade.
     No dia 10 de março de 2011,  Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibete, que é um território chinês em exílio que, há anos, vem lutando por mais autonomia, decidiu renunciar a administração do "Teto do Mundo". Isso aconteceu por que o Partido Comunista Chinês, que tem como líder o presidente Hu Jintao, decidiu interferir na "escolha" do sucessor de Tenzin Gyatso, o Dalai Lama, que, teoricamente, só pode ser a reeincarnação de Gedun Truppa, o 1º Dalai Lama, de acordo com as tradições budistas tibetanas. O Dalai Lama é considerado uma reencarnação de uma linhagem de tulkus, que, segundo a tradição budista, são seres iluminados que alcançaram a salvação, mas optaram por voltar à terra para melhor esclarecerem a humanidade. Assim, Tenzin Gyatso é o 14º corpo do 1º Dalai Lama, Gedun Truppa, que viveu entre os séculos XIV e XV.
      Com esta "jogada política", é visível que o governo chinês visa a dominação completa do Tibete, querendo impor os seus homens de confiança no governo tibetano, maquiando horrendamente um acordo entre estado e exílio. Então, como um verdadeiro líder, aparece a figura de Gyawa Rinpoche Dalai Lama (Grande Protetor), que renuncia o "poder" de uma nação para seu próprio bem. Dificilmente se vê uma atitude tão digna como a de Dalai Lama. Outros líderes prefeririam ficar no poder até o fim, mesmo que isso implicasse a morte de milhares de pessoas inocentes, pois na cabeça de alguns, um simples nome lhes aumenta o potencial de arrogância e egoísmo, como o que está acontecendo na Líbia, com Kadhafi. Um verdadeiro líder sabe a hora certa de fazer o que tem de fazer. Se o Dalai Lama não renunciasse o poder imediatamente, o Partido Comunista imporia, à sua vontade, quem eles achassem conveniente, mesmo que isso fosse totalmente contra a tradição budista, e que o próximo Lama nunca tivesse tido qualquer ligação com a luta libertária do Tibete ou uma ligação religiosa com o povo tibetano. Com o ato de Tenzin, pode até ficar mais apalpável a possibilidade de um tibetano assumir o poder político da região, não dando chance para a jogada chinesa.
     Um verdadeiro líder tem de ser hábil. Tem que perceber a jogada do opositor antes que ele atue. Um verdadeiro líder tem que ter o apoio do povo, se não ele não conseguirá agir em prol dos seus. Um verdadeiro líder tem que lutar sem derramar uma gota de sangue, pois essa qualquer quantidade de sangue em uma guerra implica sangue inocente derramado, do seu povo e do povo opositor.
     Quem dera se a metade dos líderes que escolhemos tivesse 1/4 da sabedoria de um homem como Dalai Lama. O mundo seria um lugar melhor pra se viver, não?
     Fica aqui o recado para aqueles que se identificarem e para quem consegue identificar um líder de verdade.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Aprendendo a Viver

A vida; a ida; a morte amiga
A vinda; a míngua; a alma despida

Fora de um corpo que um dia foi meu
A vagar perdida n'um mundo de breu...

Salvo da luz mentirosa
De um mundo viril e vulgar.
Uma luz que reluz, venenosa,
A mente de quem não sabe sonhar.

E a sonhar fico eu,
Na escuridão da eternidade.
Fechado em um mundo só meu
P'ra saber o que vivi de verdade.

Inútil ao pé da letra,
Só esperei quase toda' vida passar.
Enganando-me em vida tropeira
Sem tempo p'ra'prender 'amar.

Menti o quanto pude
P'ra me'sconder n'uma face resistente.
A minha real fragilidade era mascarada
Por atos de um filho indigente,
Que não sabia ao certo
O porquê de tanta revolta.
Só sabia que não queria viver
Em um mundo tão hipócrita...

Então, toca! Oh, violão!
Aquela canção tão pedida!
Chora! Oh, violino!
Aquela canção de despedida!
Para que eu a possa ouvir
Pela então derradeira vez,
No meu leito podre e indescente
A doce canção de vocês...

Viva à grande passagem
Do desprezível ao espiritual!
Viva ao fim da blindagem
Que me prendia n'uma crise existencial!

Liberto daquele corpo que só existia p'ra me'sconder,
Vivo, agora, mesmo morto, a verdadeira arte de viver!